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Letícia Paes

A Epifania do Perdão

Em uma tarde, os lençóis sacudiram o ar puro

em uma noite, a água quente avermelhou a minha pele

em uma manhã, os pássaros me parabenizaram.


Em fotografias, ficaram minhas cicatrizes

em cores, desmancharam-se no preto asfalto

em cafés, diluíra-los em leite

em sangue, centrifugaram a plaquetas.


em um dia, os feches de luz congelaram-se

em uma semana, os montes de areia foram sequestrados pelas marés

em um mês, o astigmatismo evolui-se para a miopia

em um ano, espetei-me no campo e vesti-me de espantalho em teu jardim.


Em uma epifania, por relevância tamanha que não expressa-se em específico, ou em uma respiração -que liberta o peito e destrói o diafragma- Eu, você, nós, não parecíamos mais gigantes, ou inalcançáveis e miseráveis que imploram por um feijão peculiar. Em um momento, éramos um único nó, um nó com duas cores opostas, unidas a um só rasgo de pano branco. Éramos o infungível, por vinho das veias, éramos insolúveis como óleo e água, éramos nós, como sempre fomos, e sempre seremos.


Em um belo dia, ao nascer da manhã, dilacerei meus fios e você, estava ali. Assim, deitei-me a chorar nas penas da almofada, no vestido em rasgos e na poeira do ar. Por isso, me disse então, nada havia a não ser abraçar a estrela que a ti, tem andando por voltas e retrocessos. Aos raios que borbulhas ardentes já ocasionaram em minha pele, angustiadas em constantes erupções, agora mornos, como um par de braços, me adormecem em noites de trovão. Ao caso de, beber por dias só cafés gelados e tigelas vazias, sei que estará lá, todas as manhãs, até os fins dos teus dias.


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