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Zulficar Silva

Entrevista ao primeiro preso político pós 25 de Abril


NOTA INTRODUTÓRIA:

Esta entrevista foi feita ao Dr. Rodrigo Moita de Deus, que é empresário, escritor e comentador. Atualmente é comentador no programa O último apaga a Luz. Esta entrevista será como se fosse a contar uma história e não estará dividida por perguntas. A entrevista é sobre como o dr. Rodrigo Moita de Deus e o seu grupo o 31 da Amarda que  foram os primeiros presos políticos no pós 25 de Abril. 
Entrevista foi feita para o jur.nal  o jornal da Nova School of Law.
Entrevista realizada por Zulficar Silva e está escrita em forma de história. 

ENTREVISTA ESCRITA EM FORMA DE HISTÓRIA:


Em 2009, num jantar de amigos, o Dr. Rodrigo Moita de Deus e o seu grupo, o 31 da Armada, tiveram a ideia de substituir a bandeira Republicana pela Monárquica na câmara de Lisboa.


A substituição aconteceu às 22h. Mesmo tendo duas esquadras de polícia ao lado da câmara, acabaram por não ser presos, provavelmente porque os polícias que passaram pensaram que o grupo estaria a tratar de umas lonas, já que havia algumas no edifício nesse dia.


Após a substituição, o grupo do Dr. Rodrigo Moita de Deus manteve contacto com a câmara através dos jornais. Tendo sido acusados por furto da bandeira, o grupo exigiu uma troca de bandeiras.

O mesmo se sucedeu, o grupo realizou uma operação para a troca de bandeiras, em que “Darth Vader” (referindo-se ao Dr. Rodrigo Moita de Deus) apareceria no parque de estacionamento do município a entregar a bandeira a outro elemento do 31 da armada, enquanto gravavam o sucedido. Por fim, dirigiu-se à câmara e devolveu a bandeira roubada, pedindo de volta a monárquica, no entanto, quando chegaram ao hall da câmara foram detidos.


A ironia desta detenção é que os polícias não iam com grande vontade, mas sim por ordens superiores. Ao deterem o grupo por obrigação originou um interrogatório algo cómico, no sentido em que a polícia fazia as suas questões e davam respostas engraçadas. Este interrogatório ocorreu na PSP, sendo acusados de furto e invasão, mas, apesar disso, saíram no mesmo dia, não ficando detidos.


Esta detenção originou, no mesmo dia, uma notícia peculiar nos canais de comunicação social, referindo que um grupo de jovens foi preso por troca de bandeiras.


Quanto à defesa judicial, o grupo não necessitou de fazer uma grande defesa, pois o ministério público acabou por arquivar o processo, sem chamar o grupo novamente.

As razões do ministério público para terem arquivado o processo tinham que ver com o facto de que o grupo devolveu o objeto, e em bom estado, sem, assim, ficar provada a intenção de furto, já que devolveram o mesmo. Quanto à invasão do espaço público, também não deram tanta importância, pois o grupo subiu por umas escadas ao terraço, não tendo entrado no espaço. Por fim, o ministério público referiu que todas as bandeiras, atuais ou anteriores, são símbolos nacionais constitucionalmente protegidos, desde o tempo de D. Afonso Henriques até agora, concluindo que, qualquer bandeira nacional pode estar lá.

A acusação mais grave que fizeram ao grupo foi a de uma tentativa de golpe de estado. Neste caso, o magistrado do ministério público gostou de fazer este parecer de arquivamento. Nesse parecer cita Paiva Couceiro, uma figura histórica portuguesa que, este sim, atentou diversas vezes contra a República, e pelas armas, chegando quase a declarar a independência da região norte do país e criou a monarquia do Norte por um período de 3 meses. Por fim, relembra que nem Paiva Couceiro foi acusado de supressão do Estado, sendo, assim, era disparatado o grupo ser acusado de tal coisa.


Esta história, no meio de um parecer de 30 e tal páginas bem justificado e pensado, serviu para justificar o arquivamento do caso, já que o grupo apenas ergueu um símbolo nacional.

Desta forma, o grupo conseguiu demonstrar que é possível passar uma imagem política por parte do grupo, sem necessidade de ser agressivo, tendo na mesma um forte impacto político, tendo em conta que o grupo realizou essa operação, no mesmo sítio que se fez o 5 de Outubro, onde ocorreu o fim da Monarquia e a implementação da República.


No entanto, existiram algumas replicas, outros grupos fizeram a mesma brincadeira pelo país, sendo a mais conhecida a do Castelo de Guimarães. Isto fez com que a varanda vira-se um pouco chacota e, como consequência, o Presidenta da República não subiu à varanda para hastear a bandeira.

Tudo isto aconteceu em 2009, mas em 2010 era a comemoração dos 100 anos da República, que em vez de ser comemorada na varanda, acabou por ser noutro sitio.


CONCLUSÃO: Entrevista ao primeiro preso político pós 25 de Abril

Em suma, foi contada a história de como o Dr. Rodrigo Moita de Deus e o seu grupo o 31 da Armada, foram os primeiros presos políticos no pós 25 de Abril.

E queria agradecer ao Dr. Rodrigo Moita de Deus por ter-me dado esta entrevista.


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