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Hugo Mendes

Estudante em desespero

Enquanto escrevo isto, tenho um monte de coisas por fazer. Tenho documentos para analisar, tenho páginas para ler, sublinhar, estudar e decorar; tenho atividades às quais me quero dedicar, porque realmente as adoro; tenho chamadas telefónicas por fazer só para verificar que está tudo bem; tenho o jantar por fazer; tenho um almoço amanhã e ainda um convívio ao qual gostava de ir para desanuviar. Mas amanhã tenho teste. Um teste importante para o qual não me sinto, de todo, preparado. Tenho de fazer uma noitada? Talvez seja necessária para salvar a nota, mas sei que se o fizer não vou estar com a cabeça fresca o suficiente para dar o meu máximo amanhã…Penso nas avaliações depois deste teste. Penso no que terei de organizar, preparar e conciliar. Penso nos dramas entre amigos. Penso na vida em geral…


Tento. Tento dar o meu melhor. Mesmo quando sinto que não serve de nada porque nunca chegarei onde quero. Tento fazer tudo. Tento dar atenção aos meus amigos. Tento não discutir, insultar ou passar-me com certas pessoas. Tento respirar…


À beira da ravina. Constantemente à beira do choro. Lágrimas que não são exteriorizadas, mas que estão lá. Lágrimas que querem sair, mas que não se dão a esse luxo. Lágrimas que acordam comigo. Lágrimas que me vão rebentar.


Saúde mental, onde estás? É de ti que eu preciso - estou consciente disso - mas não posso parar. A tempestade atual não se compara à que se avizinha. E agora? Vale a pena sequer continuar a tentar? Tu que devias estar sempre em primeiro lugar, onde te encontras? É de ti que eu preciso urgentemente. Quero a tua mão entrelaçada na minha. Quero viver sempre contigo a meu lado. Quero sair deste demónio para poder estar contigo a toda a hora.


Sei que não me serve de nada esta idealização. Sei que não me compensa pensar no futuro. Sei que é uma perda de tempo no meio de tudo isto…


No fundo da minha mente, estou consciente de que tenho de trabalhar para estar contigo. Por isso, tento inspirar e expirar. Inspiro, expiro. Inspiro, expiro. Inspiro…expiro…. Inspiro… inspiro… inspiro, não consigo expirar e não há mais ar para inspirar. Repito: inspiro, expiro. Inspiro, expiro. Inspiro…expiro. Ainda não está a resultar…. Inspiro, expiro. Inspiro, expiro. Inspiro, expiro. Noto os ombros a baixarem e tento continuar….


Começo a relativizar e a colocar-te onde sempre devias ter estado - sobretudo agora – em primeiro lugar. Quero que permaneças, mas sei que para isso me tenho de esforçar. Sei, no entanto, que não terei sempre tempo para te posicionar no topo da pirâmide. Estarás imediatamente a seguir, temporariamente em segundo ou em terceiro, com a garantia de que subirás assim que possível. Aliás, com a garantia de que subirás amanhã ou depois de amanhã. LOGO. Porque mereces e porque sem ti não consigo. PORQUE ÉS URGENTE E DEVIAS SER PERMANENTE. Porque te devia querer, aliás, porque te quero.

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