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Lembro-me que... Animus III

Saramago

Lembro-me de sentir, talvez demasiado. Há vários dias que me sentia assim, apesar de o Animus ter começado a ser preparado muitos meses antes, aquela semana pré-festival pediu tudo de nós – sangue, suor e lágrimas, diriam alguns – as noites curtas, o tempo contado, muita coisa que fazer e ainda atuações para ensaiar.

Quando sexta-feira chegou só conseguia pensar em tudo o que tinha de fazer, os horários que tinha de cumprir e como tinha de atuar. O dia passou e depressa chegou a noite, já estava exausta e sentia que nem sequer ia conseguir abrir a boca para cantar. À medida que o tempo avançava sentia-me cada vez menos real, tinha-me tornado um produto dos meus pensamentos e emoções, estava desconectada da realidade e dos outros.

Nem sequer me lembro de entrar em palco, tudo parecia surreal, a ansiedade e o cansaço tomavam conta de mim. No entanto, lembro-me do momento exato em que olhei para as pessoas à minha volta, mais do que colegas, os meus companheiros e amigos que me acompanham em todos os momentos. Lembro-me de cada sorriso trocado, a felicidade e nervosismo enchiam a nossa tuna, o véu de cansaço e responsabilidade era levantado durante um breve momento, o trabalho e horas que investimos eram convertidos em orgulho, satisfação, alívio, amor e diversão.

Finalmente saí de dentro da minha cabeça, de repente tudo desaparecia: éramos só nós, a nossa música e o agora. Olhava para eles, cantava, sentia a melodia, o meu corpo vibrava e os meus pés dançavam ao som da música. Observava o público, cada um dos presentes que tinha dispensado tempo do seu dia para ouvir a música, cada cara conhecida era como uma parte da família que aqui tinha encontrado.

Mais do que um festival, o Animus foi como um reencontro pessoal e simultaneamente de uma grande família. Lembrámo-nos que ser desta tuna é mais do que aparenta, é investirmos o nosso tempo e trabalho nesta família tão especial, duvidar de tudo por vezes, mas atuar sempre, mostrar o fruto do nosso trabalho e divertimo-nos a fazê-lo. Lembramo-nos qual a força motriz que impulsiona este grupo: os laços únicos que criamos e música que criamos juntos. No Animus lembrei-me que não somos da Juristuna, somos Juristuna.


Matilde Ribeiro

Lembro-me que antes de começarmos, a minha cabeça estava na plateia. Não nos pais e mães, e rostos familiares, não nas palmas ou nos olhares críticos, nem sequer na pressão de não falhar - mas em mim. 

Na plateia vi o "eu" que, há dois ANIMUS atrás viu esta tuna e que sentiu uma dor tão grande de não fazer parte, uma nostalgia tão grande do que não tinha vivido que a levou a... ali. 


E lembro-me de a música começar, e de aproveitar. Cada palavra, cada piadinha, cada sorriso da Maria Leonor na outra ponta da formação a tocar o Filho de Lisboa, cada nota partilhada com a Salomé pelo canto do olho e... e lembro-me que me diverti, mesmo sabendo que tanta coisa pudesse ter corrido melhor, mesmo sentindo o peso da responsabilidade de apresentar algo bonito, mesmo sabendo que este é (foi) o meu último ANIMUS. 


Lembro-me que fiz por me lembrar, porque há momentos que merecem toda a nossa atenção e dedicação. Bebi todas as palavras, decorei todos os movimentos, vi os olhos de cada um - em vão, claro, que metade dessa memória já se foi. Mas o resto que fica permitir-me-á sempre dizer, com grande carinho, "Lembro-me que, no III ANIMUS"...


Maria Leonor Baptista

Lembro-me de ver uma das minhas melhores amigas a solar o Filho de Lisboa, a cantar baixinho “A capa está aos ombros” e lembro-me de naquele momento tomar consciência da passagem do tempo, que vou a mais de meio do meu segundo ano, que experienciei dois festivais da minha tuna, tomei consciência da minha própria capa aos ombros e da beleza daqueles palavras cantadas. Lembro-me de ter receio de um dia a tuna ser apenas um ponto pequeno de passagem na minha vida, mas depois lembro-me também de pensar que a memória não ia permitir que isso acontecesse. Que fui feliz ali, com aquelas pessoas e com aqueles acordes de guitarra.


Beatriz Franca

lembro me de... estar sentada no meio do palco, muito antes das atuações começarem, a falar de tudo e de nada com pessoas que tornam lisboa casa

lembro me de... estar deitada no chão da reitoria com um sentimento de missão cumprida quando vi a decoração que deu tanto trabalho a pintar as suas paredes brancas


Carolina Correia

Lembro-me de abraçar a Ana e chorar com ela, mas acima de tudo lembro-me de nos abraçarmos aos saltinhos por ela finalmente ser minha madrinha. 

Lembro-me de sorrir para a Mel a meio da atuação e ela me sorrir de volta (como sempre).  

Lembro-me de ter saudades da Luana, do outro lado da formação. 

Lembro-me de dar um abraço à Bibi e lhe dizer que estava a fazer um bom trabalho. 

Lembro-me de cantar ajoelhada ao lado da minha afilhada. 

Lembro-me de colar tapetes no chão com mais umas quantas pessoas (vocês sim, soldados), e lembro-me da simpatia inacreditável dos senhores do som.  

Lembro-me de ver as nuvens e o cartaz a caírem da parede cerca de 1627472 vezes antes de finalmente atinarmos com eles. 

Lembro-me de correr para abraçar o meu pai no final e lhe dar os parabéns. 

Lembro-me de me rir muitas vezes com os ataques de fúria do Kiko, e lembro-me de sentir que a minha família ficaria em excelentes mãos com a Ana Sofia (mestre a sentar pessoas, ela). 

Lembro-me de olhar para a Isabel e dizer “ainda bem que estás aqui, sem ti não conseguia”. 

Lembro-me de pensar “para o ano estou do outro lado a assistir” e de sorrir (depois de deitar uma lagrimazinha ou outra)…


Maria Leonor Simão

Lembro-me de estar numa sala pequenina com uma das minhas melhores amigas e de chorar abraçada a ela. Eram lágrimas de tristeza e de felicidade e de tudo o que se pode sentir, misturadas  com poucas palavras que íamos deixando as paredes e o tempo roubar. Nunca algo tinha sido tão claro para mim: os momentos mais tristes iriam ter sempre uma centelha de felicidade; e os momentos mais felizes iriam ser sempre, inevitavelmente, um bocadinho tristes também.


Beatriz Geraldi

Lembro-me de estar na plateia a ver as tunas. Fiquei impressionada com algumas das atuações, as vozes ribombantes, os instrumentos melodiosos, os estandartes magníficos e as pandeiretas coordenadas. Mas do que me lembro com mais brilho e esplendor é de ver o meu Orey focado e grandioso na percussão, do solo acolhedor da Bibi e da Guida a entrar em palco envolta nas suas bandeiras. O estandarte mais belo e gracioso que eu alguma vez vi. Depois perante o anúncio que o São paio tinha patrocinado o festival o meu Antônio Costa gritou "Patrocinou com o quê? Veio cá soltar as moscas?" E eu parti o coco a rir. Estas são as minhas memórias do festival.


Francisco Jesus

bem… há partes do III Animus que não me lembro… mas vou fazer um esforço.

estes dois dias assinalaram as minhas pazes com a tuna. não direi mais que a odeio, porque apesar de terem havido momentos mais tensos, este fim de semana e esta tuna proporcionou-me tanta diversão, tanto riso, tanto bonding.


tive a oportunidade de conhecer tanta gente querida e talentosa.

tive a oportunidade de ver atuar as minhas amigas e amigos incríveis. 

tive a oportunidade de fazer amigos e de conhecer betos artistas da parede.

tive a oportunidade de fazer a sesta da minha vida.


obrigado juristuna. fizeste-me encontrar a beleza no mundo das tunas. <3


António Subtil

Lembro-me de uma moça de tutu esbarrar comigo no meio da festa e gritar “OLÁ, SOU A JÉSSICA, FOMOS COLEGAS NO 5º ANO!”, e de eu dizer “fomos?” Ela tinha o brilho nos olhos que vem ao de cima quando uma boa pessoa bebe bem, e as dentuças dançavam num sorriso contagiante. “ESTOU EM PINTURA NO 2º ANO”, “estou em direito!” “WOW FICO FELIZ POR TI”, “eu… eu fico feliz por existires. precisamos de mais pintores.” 

“LEMBRO-ME DE SERES UM MIÚDO MUITO TÍMIDO E PENSAR QUE QUERIA SER TUA AMIGA MAS TINHA MEDO PORQUE PARECIAS MUITO FECHADO!”

Bem, levou 10 anos, mas eu e a Jéssica tornamo-nos amigos.

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