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Catarina Rodrigues

Não sou como tu, não somos iguais

Não sou como tu, não somos iguais.


Já estás assente na tua pedra enquanto eu procuro a minha, então não me dites direções que apenas coordenam o teu caminho e não o meu.


Não sou como tu, não somos iguais.


Reconheço-te a grandiosidade, mas não a cobiço, não a desejo.


Deixo-a para ti, porque apenas TU sabes lidar com tamanha luminosidade, pois, se ma desses, não saberia lidar, não por não ser capaz, mas por não ser a minha luz a agarrar. E por isso amo-te, amo-te por te reconhecer a luz que te ilumina e a luz que te falta. E se assim não fosse não te amaria, apenas te idolatraria. Não te idolatro, nem te venero, apenas te reconheço e te amo.


Mas como disse não sou como tu, não somos iguais. Então não me mistures com os teus ideais, não sou a tua luz ainda que me ilumines, não sou tua ainda que me guies. Apenas passo por ti reconhecendo e apreciando a luz que, agora, me dás.


E és hipócrita por pensar que só tu sabes o meu caminho e eu sou hipócrita por achar que já o sei. Não o sei, mas vou alcançá-lo, mas para isso… dá-me o espaço que eu te dou ao invés de o invadires.


Não és o maior e eu também certamente não sou, então não me preenchas com o teu ego que apenas serve para te cegar de entender que, de facto, não sou como tu e que não somos iguais.


Dá-me espaço e deixa-me crescer, porque tu já encontraste o teu espaço.


Posso não ser como tu e podemos não ser iguais, mas isso não faz de ti sabedor mesmo que já saibas onde estás, apenas faz de ti uma luz que já sabe do seu lugar. Mas lembra-te... estrelas cadentes ainda são estrelas mesmo sem terem o seu lugar.


E sei que faz de mim uma hipócrita achar que estamos no mesmo patamar, mas não confundas a minha hipocrisia com não saber pensar. Eu sei onde estás e sei onde EU quero chegar. Então lembra-te, não sou como tu, não somos iguais.


Eu interrompo-te e tu interrompes-me. Mas amo-te e amo-te mais do que possas imaginar. Amo-te até doer, mas não quero ser como és, perdoa-me, mas não quero. Retiro o que reconheço como valioso, mas naquilo em que falhas (porque sim, tens falhas) vou ser melhor.


E amo-te com falhas e amo-te com defeitos, se não os reconhecesse em ti não te amaria, não te amaria de facto.


Acho-me hipócrita, mas sinto-te hipócrita, pedes e exiges de mim um nível de compreensão que ainda não me é capaz, mas não cumpres com aquilo que já supostamente deverias dominar.


Não justifico os meus atos por achá-los corretos, ainda que eu mesma encontre neles uma razão honesta. Sim, sou de facto explosiva, sim sou de facto bruta, mas, talvez não te custe pensar que todo o meu molde surge da atmosfera em que me criaste. Não sei o que esperas de mim, se toda a minha vida não me deste espaço de ser sensível, nem criaste um espaço onde fosse seguro eu ser como sou sem este meu modo explosivo e bruto.


E sim, a atmosfera molda-me, mas são as minhas ações que ditam o meu caráter e são os meus pensamentos que ditam os meus ideais. Não és tu, nem ninguém que me obrigam a ser quem sou, mas reconhece pelo menos o dedo que tens na resolução de pessoa que em parte sou.


Não somos iguais (deus me livre de o sermos) se te fosse um clone, não seria alguém, não seria tua também...


E fazer parte do teu ego não implica que tenha de ser como tu, mas sim em parte, melhor que tu.


Hoje não me ouves, mas amanhã ouvirás.


Não sou como tu e não somos iguais.


Apenas espero que me ames, ainda que seja com diferentes ideais.



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