top of page
Carolina Correia

POEMAS DOS ESPINHOS DO AMOR - Parte IV

“O sangue da rosa” 

Não é só porque não viste o sangue,

Que eu não sangrei por dentro. 


A rosa tem espinhos,

E eles nem sempre fazem sangrar. 


Mas picam. Magoam. Cortam. 


A rosa tem espinhos.

E por mais que os tentemos evitar,

Eles vão acabar por nos tocar. 


A rosa não pode não ter espinhos.

Não mais do que o céu 

Pode deixar de ser azul. 


A rosa não pode não picar.

Não mais do que o sol

Pode deixar de brilhar.  


A rosa tem espinhos. 

E eles picam. 

Principalmente quando os tentamos evitar.



“(Não) somos estranhos” 

Um dia fomos estranhos. 


Não sei se voltámos a ser estranhos. 

(Espero que não), 

Mas é o que dizem as músicas

E elas raramente se enganam…


Talvez a letra esteja errada. 


Pois como posso eu conceber

Que sejamos estranhos? 

Se tu me conheces 

De trás para a frente. 


Se recitas de cor

Todos os meus poemas. 

Se trilhaste cada canto,

Cada linha, cada curva. 

Se por vezes gostaste mais 

De mim do que eu própria.

Se amaste os meus silêncios 

Como quem ama o dito amor.


Não. Não somos estranhos. 

Nunca fomos estranhos. 

Nunca seremos estranhos. 


Estaremos sempre entrelaçados 

Nas redes de pesca que a vida lança 

Em dias de céu cinzento e de chuva. 


Não somos estranhos. 



“Deixar ir” 

Porque, no final,

Amar é deixar ir.


E deixar ir é saber,

Que haverá harmonia

Noutra casa. 

Que a dor será acolhida

Noutro abraço. 

Que haverá felicidade 

Sem nós. 


Deixar ir é amar. 

Mesmo quando não queremos, 

Quando parece errado, 

Quando a dor nos corta. 


No final, não há prova de amor

Maior do que deixar ir.


36 views

Recent Posts

See All

Lápide

Comentarios


bottom of page