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Maria Leonor Baptista

Qual é o fim último de ser?

Qual é o fim último de ser? O que nos amarra a um comportamento específico, a lutar por uma certa ambição, a combater os pensamentos e a atirarmo-nos de cabeça a um pensamento? Não é o desejo de ser, é o desejo de pertencer.


De que resta saber tudo, ser mais educado, mais correto na forma de agir, se não temos ombro para chorar ao fim do dia, se não há ninguém que celebre connosco.


O mundo não aplaude as diferenças, o mundo pressiona-nos a ser iguais, como uma marca, marca de telemóvel, tirar a carta aos 18 anos, média de 15, roupa impecável e de preferência não uses essas calças mais do que 3 vezes, à 4ª já vão notar que só te restam 6 pares no armário e não vai parecer suficiente. Para ti não é suficiente, porque comparas, ele é mais bem sucedido e aquele tipo de calças fica melhor a raparigas como ela. Não nos compreendemos, não queremos ver os outros, queremos ser iguais aos outros, de preferência um pouco melhores, para que sejam os outros agora, a querer ser um bocadinho melhores do que nós. Tem de ter impacto, é preciso que vejam que cheguei atrasado, estaria a dar demasiada importância ao momento se chegasse à hora exata, o que é que iam pensar? Que eu estava desesperada! Não, não devem ver-me, tenho de vender a minha imagem, estou serena e isto não me afeta. Não poderia afetar-me, é menor do que eu. Afinal, este é o meu mundo, eu defino as regras, as regras que os outros também definiram e que usamos para nos compararmos uns aos outros, que usamos uns contra os outros.


Porque eu também me atraso, seria incapaz de vos acusar, se também eu fosse perfeita. Ou talvez o desejo que temos de todos sermos perfeitos, é o que nos leva a acusações.


Qual é o fim último de ser? O que nos amarra a um comportamento específico, a lutar por uma certa ambição, a combater os pensamentos e a atirarmo-nos de cabeça a um pensamento? Não é o desejo de ser, é o desejo de pertencer.


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