E no meio da monotonia da vida vejo-te. Sinto-me nauseada, as pernas tremem e não sei bem se devo olhar para ti, se devo acenar (será que ainda me odeias?) ou talvez até ganhar o mínimo de coragem para te cumprimentar.
Fingimos que não nos conhecemos, que somos duas desconhecidas na mesma carruagem que nunca mais se vão ver, mas eu conheço-te como cada veio na minha mão. Sei o teu ascendente, conheço os teus pais, sei de todas as tuas inseguranças, sei que não gostas de gás nas bebidas, sei todos os teus dramas familiares e às vezes acho que te conheço melhor do que me conheço.
Mas no fim somos duas estranhas, que nunca se tocaram, que nunca choraram no colo uma da outra, que nunca tiveram estranhos ciúmes ou algo desse género.
Tenho de parar, nunca mais penso em ti (sinto que a minha cabeça vai explodir), nem no teu cheiro, nem sequer no teu riso adorável.
Acabou.
Não quero mais.
Nunca quis (talvez quis, mas não deu).
Enfim,
chega.
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